segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

"VIGIAR E PUNIR"

VIGIAR E PUNIR, de Michel Foucault
Por Marcela Patutti



O livro de Michel Foucault, “Vigiar e Punir”, abrange na área da educação, dando ênfase a disciplina.
Esta obra de Foucault se estrutura em partes, contendo capítulos, do qual comentaremos a terceira parte, dos capítulos I e II, sendo que ambos estão subdivididos por subtítulos.
No primeiro capítulo, “Os Corpos Dóceis”, apresenta-se uma análise em cima da figura do soldado, que no século XVII, era reconhecido de longe pela sua coragem, orgulho, sendo que seu corpo era o brasão de sua força e valentia. E já na metade do século XVIII, o soldado se tornou algo que se fabrica, uma máquina, e torna-o perpetuamente disponível e se prolonga no automatismo dos hábitos. Pois, houve durante uma época clássica, que o corpo se tornou objeto e alvo de poder, pois ele pode ser manipulado, treinado, modelado, que obedece, responde e se torna hábil, fazendo com que as forças se multipliquem. E com isso, sendo um corpo dócil, que pode ser submetido, utilizado, transformado e ainda aperfeiçoado. Com tais métodos que lhes impõe uma relação de docilidade-utilidade, ou seja, as disciplinas, que se tornam no decorrer dos séculos XVII e XVIII, fórmulas gerais de dominação.
Então, o momento histórico da disciplina, é quando ela fabrica corpos submissos e exercitados, corpos dóceis, aumentando as forças do corpo em termos econômicos de utilidade e diminuindo as mesmas forças quanto em termos políticos de obediência. Sendo assim, a disciplina dissocia o poder do corpo, que de um lado faz dele uma aptidão e de outro inverte a energia.
Nota-se que na disciplina, os elementos são intercambiáveis, pois cada um se define pelo lugar que ocupa na série, e pela distância que o separa dos outros, ou seja, se define pelo lugar que alguém ocupa na classificação. Pois, a disciplina, que é uma arte de dispor em fila e da técnica para a transformação dos arranjos, ela é capaz de individualizar os corpos por uma localização que os distribui e os faz circular numa rede de relações.
Contudo, é surpreendente saber que, a primeira das grandes operações da disciplina é a constituição de quadros vivos, que foi um dos problemas da tecnologia científica, política e econômica, pois o quadro é uma técnica de saber e poder, de obter um instrumento para dominá-lo, ou seja, impor uma ordem.
No decorrer dos subtítulos, visto que a disciplina não consiste só em ensinar ou impor uma série de gestos definidos, nota-se que ela impõe a melhor relação entre um gesto e a atitude global do corpo, que é sua condição de eficácia e rapidez, que visa saber que um corpo bem disciplinado forma o contexto de realização do mínimo gesto, pois um corpo disciplinado é a base de um gesto eficiente.
Portanto, o corpo tornando-se alvo de novos mecanismos do poder, oferece-se a novas formas de saber, pois o poder disciplinar tem por correlato uma individualidade natural e orgânica e não só analítica e celular.
Quase no fim do capítulo, o autor nos mostra, que surge uma nova exigência que a disciplina tem que atender, a de construir uma máquina cujo efeito será elevado pela articulação combinada das peças elementares de que ela se compõe, sendo que a disciplina já não é mais uma arte de repartir os corpos, extrair e acumular o tempo deles, mas sim de compor forças para obter um aparelho eficiente, e com isso, o corpo torna-se um elemento que se pode colocar, mover, articular com outros, pois se constitui como uma peça de máquina multissegmentar.
E ainda, depois de tudo isso, é surpreendente e ao mesmo tempo escandaloso, saber que a vida militar começava na mais tenra idade, quando se ensinava às crianças, em moradas militares, o ofício das armas, pois os veteranos ensinavam a elas, mandavam os recrutas fazer manobras, presidiam aos exercícios dos soldados e ainda no fim reinar a ordem no país.
Contudo, finalizamos o primeiro capítulo dando abertura para o segundo, “Os Recursos para o bom Adestramento”, que nos faz enxergar que o poder disciplinar é com efeito, um poder que tem como função adestrar para retirar e se apropriar ainda mais, pois adestra as multidões confusas, móveis, inúteis de corpo e forças para uma multiplicidade de elementos individuais. E o sucesso do poder disciplinar se deve ao uso de instrumentos simples, que é o olhar hierárquico, a sanção normalizada e sua combinação num procedimento que lhe é específico, o exame.
Observa-se que no decorrer da época clássica, são construídos observatórios, que tem como modelo o acampamento militar, que é o diagrama de um poder que age pelo efeito de uma visibilidade geral. Com isso, as instituições disciplinares construíram uma maquinaria de controle do comportamento, que explicando melhor, são as divisões tênues e analíticas por elas realizadas formaram, em torno dos homens, um aparelho de observação, registro e treinamento.
Sendo então, que vigiar, torna-se uma função que deve fazer parte integrante do processo de produção, pois a vigilância hierarquizada, contínua e funcional, deve sua importância às novas mecânicas de poder.
Já prestes a encerrar o capítulo, Foucault diz que na oficina, escola e exército, funciona como repressora, toda uma micropenalidade do tempo, da atividade, da maneira de ser, dos discursos, do corpo, da sexualidade.
E o mais inconformável, é o fato de que é utilizada a título de punição, toda uma série de processos sutis, que vão dos castigos leves e privações ligeiras e as pequenas humilhações. Porém, a disciplina tem uma maneira específica de punir, que é um modelo reduzido do tribunal.
Foucault diz que castigar é exercitar, pois o castigo disciplinar tem a função de reduzir os desvios.
No dizer do próprio autor, afirmou-se “[...] A punição na disciplina não passa de um elemento, de um sistema duplo de gratificação-sanção. E é esse sistema que se torna operante no processo de treinamento e de correção”. (p.161).
Contudo, o autor vai encerrando comentando sobre o exame, que é a técnica pela qual o poder, em vez de emitir os sinais de seu poderio, capta-os num mecanismo de objetivação. O exame combina as técnicas da hierarquia que vigia e as da sanção que normaliza, pois é um controle normalizante, uma vigilância que permite qualificar, classificar e punir, e está no centro dos processos que constituem o indivíduo como efeito e objeto de poder, como efeito e objeto de saber.
Então Michel conclui afirmando que o indivíduo é o átomo fictício de uma representação ideológica da sociedade e uma realidade fabricada por essa tecnologia específica do poder: a disciplina, pois o poder produz realidade, campos de objetos e rituais de verdade. E o indivíduo e o conhecimento que dele se pode ter se originam nessa produção.
Tendo em vista os aspectos mencionados, o trabalho de Foucault vem contribuir para a compreensão da Educação, ampliando as possibilidades de análise acerca do tema. O autor dá nos a chance de olharmos focalizando a disciplina, dando abertura necessária para o entendimento de seus conceitos.

"VIDA ESCOLÁSTICA"

A VIDA ESCOLÁSTICA, de Philippe Ariès
Por Marcela Patutti


O livro de Philippe Ariès, “História Social da Criança e da Família”, abrange na área da educação, focalizando sobre a vida nas escolas.
No dizer do próprio autor, afirmou-se “[...] A vida escolástica, é consagrada aos aspectos da história da educação que revelam o progresso do sentimento da infância na mentalidade comum...” (p.165). Seu objeto de estudo é a história da infância, da educação no período da Idade Média e Moderna, ele quer mostrar que a infância tem uma etapa biológica. E uma de suas principais fontes são aquelas ligadas a escola e a educação.
Ariès fala sobre como os adultos passaram a olhar para a criança com preocupação, o de como educar a criança. Uma mudança que foi se dando ao longo dos séculos, pois não se tratou de uma mudança repentina.
Esta obra de Philippe se estrutura em capítulos, do qual comentarei sobre o segundo, que dentro dele está subdividido por sete subtítulos. No primeiro, apresenta-se uma análise do contexto que marcou a trajetória da educação da criança nas escolas, onde o ensino era dado numa sala que o Mestre alugava para ministrar suas aulas, que reuniam-se tanto meninos, quanto homens de todas as idades, dos seis aos vinte anos, ou até mais, o que torna-se um absurdo, pois não davam interesse a idade, mas sim a matéria ensinada.
É surpreendente e ao mesmo tempo escandaloso saber que ninguém dava importância a idade das crianças, fazendo com que elas entrassem no mundo dos adultos, se tornando um “mini-adulto” precoce.
No decorrer dos subtítulos, pode ser visto que aos poucos foi melhorando, pois a instituição escolar estava evoluindo, não deixando que a sociedade se misturasse com a vida escolar, mas durante os estudos, os alunos tinham que seguir os modos de vida das comunidades, o que resultou numa não mistura de idades. E já no século XV, era vista a diferença e os alunos começaram a se dividir em grupos, sendo que havia um professor específico para cada grupo, pois havia a necessidade de adaptar o ensino do professor com o nível do aluno.
O mais inconformável é o fato de que mais tarde, foi desenvolvido um sistema disciplinar que era muito rigoroso, sendo que a vigilância era constante e os castigos corporais eram horríveis, não dá para se conformar que para disciplinar uma criança era preciso todos aqueles maltratos, batendo nas crianças e humilhando-as.
É vergonhoso saber que no século XVI o castigo era adotado e que até mesmo os alunos mais velhos eram submetidos às surras. E que só no século XVIII foi percebido que aquelas velhas práticas de delação já não deviam mais ser utilizadas.
Foi então que nos séculos XVII e XVIII, surgem as pequenas escolas que separavam as crianças novas das mais velhas e as ricas das mais pobres, sendo que surgiu uma noção moral que distinguia a criança da escola e a bem educada, essa que deveria ser protegida contra as imoralidades e rudeza, que eram vistas nas crianças dos quais chamavam de moleques, dos antigos vagabundos e desordeiros.
Contudo, o autor vai encerrando dizendo que no decorrer de todo esse processo da educação, podemos ver que em nenhuma parte a mulher era citada, ou seja, as mulheres eram excluídas e que desde de cedo já aprendiam a ser adultas para quando se casassem, tornassem mães e governassem suas casas com os afazeres domésticos, pois elas não recebiam nenhum tipo de educação, o que me faz enxergar que realmente os tempos mudaram, e hoje as mulheres já estão conquistando grandes espaços.
Então Philippe concluiu afirmando que todas essas conquistas só modificaram devido às diferenças do tratamento escolar da criança pobre e rica.
Tendo em vista os aspectos mencionados, o trabalho de Ariès vem contribuir para a compreensão da Educação, ampliando as possibilidades de análise acerca do tema. O autor dá nos a chance de olharmos para a História da Educação, principalmente focalizando a criança, dando abertura necessária para o entendimento de seus conceitos.

QUAL O SENTIDO DA VIDA?

Não sabe???

O AMOR é o único sentido da vida!!!

Com Amor tudo melhora e tudo se transforma!!!