segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

"VIDA ESCOLÁSTICA"

A VIDA ESCOLÁSTICA, de Philippe Ariès
Por Marcela Patutti


O livro de Philippe Ariès, “História Social da Criança e da Família”, abrange na área da educação, focalizando sobre a vida nas escolas.
No dizer do próprio autor, afirmou-se “[...] A vida escolástica, é consagrada aos aspectos da história da educação que revelam o progresso do sentimento da infância na mentalidade comum...” (p.165). Seu objeto de estudo é a história da infância, da educação no período da Idade Média e Moderna, ele quer mostrar que a infância tem uma etapa biológica. E uma de suas principais fontes são aquelas ligadas a escola e a educação.
Ariès fala sobre como os adultos passaram a olhar para a criança com preocupação, o de como educar a criança. Uma mudança que foi se dando ao longo dos séculos, pois não se tratou de uma mudança repentina.
Esta obra de Philippe se estrutura em capítulos, do qual comentarei sobre o segundo, que dentro dele está subdividido por sete subtítulos. No primeiro, apresenta-se uma análise do contexto que marcou a trajetória da educação da criança nas escolas, onde o ensino era dado numa sala que o Mestre alugava para ministrar suas aulas, que reuniam-se tanto meninos, quanto homens de todas as idades, dos seis aos vinte anos, ou até mais, o que torna-se um absurdo, pois não davam interesse a idade, mas sim a matéria ensinada.
É surpreendente e ao mesmo tempo escandaloso saber que ninguém dava importância a idade das crianças, fazendo com que elas entrassem no mundo dos adultos, se tornando um “mini-adulto” precoce.
No decorrer dos subtítulos, pode ser visto que aos poucos foi melhorando, pois a instituição escolar estava evoluindo, não deixando que a sociedade se misturasse com a vida escolar, mas durante os estudos, os alunos tinham que seguir os modos de vida das comunidades, o que resultou numa não mistura de idades. E já no século XV, era vista a diferença e os alunos começaram a se dividir em grupos, sendo que havia um professor específico para cada grupo, pois havia a necessidade de adaptar o ensino do professor com o nível do aluno.
O mais inconformável é o fato de que mais tarde, foi desenvolvido um sistema disciplinar que era muito rigoroso, sendo que a vigilância era constante e os castigos corporais eram horríveis, não dá para se conformar que para disciplinar uma criança era preciso todos aqueles maltratos, batendo nas crianças e humilhando-as.
É vergonhoso saber que no século XVI o castigo era adotado e que até mesmo os alunos mais velhos eram submetidos às surras. E que só no século XVIII foi percebido que aquelas velhas práticas de delação já não deviam mais ser utilizadas.
Foi então que nos séculos XVII e XVIII, surgem as pequenas escolas que separavam as crianças novas das mais velhas e as ricas das mais pobres, sendo que surgiu uma noção moral que distinguia a criança da escola e a bem educada, essa que deveria ser protegida contra as imoralidades e rudeza, que eram vistas nas crianças dos quais chamavam de moleques, dos antigos vagabundos e desordeiros.
Contudo, o autor vai encerrando dizendo que no decorrer de todo esse processo da educação, podemos ver que em nenhuma parte a mulher era citada, ou seja, as mulheres eram excluídas e que desde de cedo já aprendiam a ser adultas para quando se casassem, tornassem mães e governassem suas casas com os afazeres domésticos, pois elas não recebiam nenhum tipo de educação, o que me faz enxergar que realmente os tempos mudaram, e hoje as mulheres já estão conquistando grandes espaços.
Então Philippe concluiu afirmando que todas essas conquistas só modificaram devido às diferenças do tratamento escolar da criança pobre e rica.
Tendo em vista os aspectos mencionados, o trabalho de Ariès vem contribuir para a compreensão da Educação, ampliando as possibilidades de análise acerca do tema. O autor dá nos a chance de olharmos para a História da Educação, principalmente focalizando a criança, dando abertura necessária para o entendimento de seus conceitos.

2 comentários:

Wilson B. S. de Camargo disse...

Excluídos: pobres, mulheres; ainda os mais novos.
Então, quem mandava ? homem, rico e mais velho.
E o que mudou nestes séculos todos ?
E como mudar ?

lunna disse...

MUDOU? PRATICAMENTE NADA ALIAS, MUDOU O MODO COMO ROUBAM,!! QUEM CONTINUA MANDANDO E A BURGUESIA,A GANANCIA DOS PODERES!!